sexta-feira, 9 de abril de 2010

TORTURA

Ai de mim
a loucura que posso ter
a puta que posso ser
a dama que sonhais entreter.

Ai de mim
no inferno de vossas luvas
dar de beber a vossos lábios
o néctar de várias musas.

Não serei eu
além de doce criatura
o fogo satírico de vozes
no filtro de vossos atos?
Ai de mim que nem sei ser
e perdida zona perigosa
sou manhosa em vossa cama
quando mansa sou sacana.

Ai de mim ai de vós
e de minha língua pirilampos
a cortar das duas tal mistura
no que desejais de uma.

Ai de mim ai de deus
e de meu corpo multi/uni
a sangrar tantas fêmeas
no intuito de lapidar a vossa.

Ai
de
mim.

[Eliane Alcântara]