domingo, 5 de julho de 2009

"SUTILMENTE"


Antes que eu desespere, tome meus desejos,
engula minhas vontades uma a uma
e aprove a loucura que eu trago presa nos olhos.
Deixe-me úmida, fruta pronta para seus lábios,
desnorteei meus rumos, desoriente meus pensamentos,
quero enlouquecer em sua cama, perder-me em seus abraços.
Capte a delicadeza de minha fome de amar,
lace noites acesas aos nossos corpos candelabros,
alumia-me de dentro para fora com seu gozo.
Imperfeita que sou ouça meu grito de prazer,
musical sentença aos seus ouvidos.
Devore meu querer, dome minha rebeldia,
devagar recomece como bem sabe.
Olhe profundamente meu deslizar no colchão,
toma-me sua brincadeira preferida
e assim serei em suas mãos o dado que acaricia
antes de lançá-lo ao seu destino.
Sabendo manipular-me prazerosamente terá imensa sorte:
Sua mulher, de dama a puta serei por todo o sempre, ternamente.

[Eliane Alcântara]

MARÉ


Quando vens mar,
rio.
Quando vens córrego,
sigo.
Se és regato,
canto.
Quando és Atlântico-
ó força espantosa
que escora meu cio,
meus anseios,
orgasmos
e desvarios -
cresço em maré
quando mergulhas
em mim
”.

[Maria Limeira]

VENS...






...Vens, cresço em maré, ao receber-te em mim mar, mar atlântico!

[Andréa Motta]

PORQUÊS



Houve um tempo
Em que você me perguntava
Por qual razão eu te amava
E eu lembro que respondi,
Mas foi uma única vez...
O meu amor estava no peito,
Tatuado no meu coração
O que eu tinha na cabeça
Para te amar sem medida?
Nada!
Tudo estava aqui
Pulsando com minhas veias,
Bombeando meu sangue,
E te levando a cada lugar meu.
Mas tua morada era ALI,
Calmo entre meus seios...
Nunca precisei de razão
E se precisar um dia
Então não te amarei mais
O amor não precisa de porquês,
De motivos, de saberes,
O AMOR basta por SI só...

[Cáh Morandi]

"LABIRINTO"




Não posso esquecer o seu jeito de olhar
ou apagar aquilo que eu não ouvi e dissemos.
Há tanto brilho no que está perdido
assim de uma forma que se faz achado;
basta sentir-nos únicos e abandonados (dentro).

Minha vida é sua comédia, a sua minha estrada.
Vagueio horas extras de nossa doce escravidão,
quero que abra-me fogueira em noite estrelada
e invente em minha boca palavras astros (despidas),
animação carnívora a redescobrir-nos horizontes.

Deixa de lado o que foi, remodela-nos.
Há na miragem dos nossos murmúrios
a beleza de canções inescritas – guardadas.
Volta de leve e toma-me em seus braços,
pretendo perder-me em seus conhecidos caminhos.

Espera mais? Esqueça. Violentarei palavras...

[Eliane Alcântara]

PARAÍSO





Mesmo tendo juízo
não faço tudo certo
Afinal,
todo paraíso
precisa um pouco de inferno.

[Martha Medeiros]