sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

SEU CORPO


Não sei se já fiz poema ao seu corpo,
templo no qual encontro-me serena e completa.
Espaço absoluto em que sou mais sua que minha,
espécie de encanto para que eu me perca
aconchego com cheiro de casa, gozo e alegria.
Caminho de mar quando molha minha pele
e sinto seu riso maroto inundar o ar com um gemido,
aquele que me leva a sorrir realizada
e deslizar levemente pelos lençóis azuis
o gosto de ter em meu regaço o seu calor,
peso e paixão a fabricar amor assanhado.
Este corpo que me enche de ânimo,
corpo que revigora os meus desejos
e faz com que eu queira entregar-me toda
no infinito desespero de saboreá-lo mais.
E quando nu aproxima, enlouqueço,
reconheço o seu perfume junto ao meu,
a delícia do início de vários tempos
quando com o sexo duro me agasalha,
incorpora ao meu mil indecências e sei,
o paraíso que não inventaram,
do meu macho, tem a forma e o nome.
Se já fiz poema ao seu corpo
espero ter cantado toda a beleza que existe
quando digo vezes e vezes que em meu ninho
só há espaço para o encaixe do seu anseio.
E se sou imprópria uma certeza tenho,
propriedade só há quando me toma
e saciada adormeço em seu peito
sonhando que o seu é meu
e o meu de tão seu não sabe outra direção.
Corpo que louvo e lambo, salivo e amo.

Corpo que entre tantos não está nos padrões de beleza
e é somente e tão somente... Perfeito!

[Eliane Alcântara]

AMANHECER

Inventar novo amanhecer
é acordar na pele o desejo da carne.
Deixar o fogo tomar o peito,
esquecer o que dizem
e se dizem que digam de amor.
É deitar os olhos no amado,
guerrear em paz os sexos
na louca entrega das vontades.
Permanecer em um corpo
até outro dia no dia de amores.
Mais felina acordar outra vida
na mesma vida que em carinho
é ida e volta de única via:
emocional cotidiano.

[Eliane Alcântara]

DESENHO

Porque você não é perfeito, mas o cara dos meus sonhos não tem o desenho da sua boca: com mais tinta do que contorno.

[Tati Bernardi]