quinta-feira, 10 de setembro de 2009

MEU VESTIDO...

No armário do meu quarto escondo de tempo e traça meu vestido (...).
É de seda macia(...)
Eu o quis com paixão e o vesti como um rito, meu vestido de amante.
Ficou meu cheiro nele, meu sonho, meu corpo ido.
É só tocá-lo, volatiza-se a memória guardada:
eu estou no cinema e deixo que segurem a minha mão.
De tempo e traça meu vestido me guarda.

[Adélia Prado]

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