segunda-feira, 17 de agosto de 2009

TERRA FÉRTIL



Se olhasse agora
meus pés saindo do banho
compreenderia meus olhos saudosos
de seu corpo ausente.
Defenderia a palavra desejo
em quatro quantos cantos
fossem possíveis
e faria amor com meus cabelos
em sua virilha suada.
Pediria outro cálice de felicidade
e provaria o provocante beijo
ardente em minha língua.
Faltam minutos e horas para sua chegada
e minhas mãos correm a pele com a toalha.
A fera em mim espreita o cair da tarde,
anuncia à demência pelos fios que tecem a loucura
e o frêmito de minhas pernas esperam o creme,
perfume para os lençóis, postal para os seus crimes,
cenas para suas carícias.
Uma gota d'água sobrevive no canto direito dos lábios
endireito os ombros... afio os dentes em uma maçã.
As horas, líquidas escorrem, contorcidas.
Se me visse agora o mundo mais uma vez
terminaria em água...
Úmido. Terra fértil... outra vez.

[Eliane Alcântara]

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