quinta-feira, 9 de julho de 2009

BEBE A MINHA SEDE





A boca calada. A respiração cavando silêncios. As mãos a pesarem tanto que exilei os gestos rentes ao coração. Pouso a cabeça sobre a mão direita e penso: para o encontrar de novo recomeçaria tudo outra vez, andaria todos os caminhos, arriscaria minha vida.

Hora após hora, ele regressa ao meu pensamento, e vem do lugar de todas as ausências, e tem nos braços a mesma curva onde os pássaros iniciam o primeiro vôo. Pedir-lhe-ia, agora, que só uma vez me dissesse: bebe a minha sede.

[Graça Pires]

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