quinta-feira, 25 de junho de 2009

MADRUGADA


Este teu jeito de morder devagar
os pensamentos que sabes que eu tenho
é que apavora meu lado carente
e seduz minha volúpia ao teu alcance.
Esta mania de não dizer tudo
e mostrar mais do que deduzo
é que faz com que eu seja pura,
verdade sacana no laço de teu abraço.
Estes sussurros úmidos em meus ouvidos
e a língua tua em minha pele
é que assedia e atiça minha ternura,
alvoroço para comer-te deus.
Este teu adeus que é sempre chegada,
fogo contínuo em meu sexo primaveril
é que prova: sou tua, sou tua, sou tua.
Lua nova espie-me. Sou tua noite nua.

É teu silêncio de macho
que rompe-me madrugada.
Outro dia na construção
de futura noite adocicada.

[Eliane Alcântara]

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