SONHOS

Sonhos molhados, sovados, deitados, seivados.
Libertos de vestes, roupas, lençóis ou ancoras que prendem ao chão.
No céu apenas o vértice e as frases soltas.
Palavras libertadas geram formas que pairam sobre os corpos húmidos.
Ordens.
Ordens duras e firmes.
Línguas encharcadas de linfa deixam rastos no corpo.
Sulcos percorridos com a aridez dos membros.
Sonhos acordados, realizados, aspergidos, orvalhados.
Cheios de roupas brancas e lençóis que se amarrotam com a firmeza das mãos.
O calor.
O calor e o suor que forma lagos no corpo insaciado.
O desejo que se consome, come e alimenta.
A noite é dia…o limbo é a linha do paralelo que ao fundo se cruza.
Sonhos…

[Madalena Palma]