quarta-feira, 3 de junho de 2009

ENCONTRO


Vou sair para ver o mar e me perder entre os labirintos que distanciam nossos passos. Vou te procurar entre as estrelas e os satélites distraídos, que confusos me ditaram caminhos errados e esparsos. Eu irei caminhar por trajetos errados em diferentes passos. Em destinos errantes nas mais estranhas pegadas na areia. E vou te encontrar em um planeta abandonado no curto espaço entre nós dois. Em nossos abraços, em seus sorrisos largos.

[Caio F. Abreu]

QUERER



Dizem que a gente tem o que precisa. Não o que a gente quer. Tudo bem. Eu não preciso de muito. Eu não quero muito. Eu quero mais. Mais paz. Mais saúde. Mais dinheiro. Mais poesia. Mais verdade. Mais harmonia. Mais noites bem dormidas. Mais noites em claro. Mais eu. Mais você. Mais sorrisos, beijos e aquela rima grudada na boca. Eu quero nós. Mais nós. Grudados. Enrolados. Amarrados. Jogados no tapete da sala. Nós que não atam nem desatam. Eu quero pouco e quero mais. Quero você. Quero eu. Quero domingos de manhã. Quero cama desarrumada, lençol, café e travesseiro. Quero seu beijo. Quero seu cheiro. Quero aquele olhar que não cansa, o desejo que escorre pela boca e o minuto no segundo seguinte: nada é muito quando é demais.

[Caio Fernando Abreu]

SILÊNCIO




Agora, ouça bem: eu escrevo - e falo - para a tua alma. São teus olhos os meus em dias de espera. São teus passos tudo o que sigo nestes meses de desassossego. Não é outro, não é nada. Não há nada. Só existe você. Em dias, noites, madrugadas. E mil outras noites. Sozinha. Sou poeta, é fato, mas tenho carne, osso, entranha, sexo. E sexto sentido. Não estranhe as minhas palavras, porque hoje elas querem estar, e entrar, em você. Eu avisei que nada me prende aqui, não avisei? Pois trate logo de me dar um trato ou, caso contrário, eu me mando sem você sentir. Hoje eu te espero. Amanhã, talvez. Mais adiante, o que há com você? Teu beijo é doce. E me encanta a poesia do teu olhar. Tua poesia em mim. E me basta. Por isso, não me perca por aí. Não se assuste. Não se ausente. Não me solte. Apenas me prenda, sempre, como se eu pudesse, num instante, fugir. Eu preciso, e só sei, amar assim.

[o que, em silêncio, por mim foi dito, para ti, nas primeiras horas da noite de ontem]

[Dani C.]