quinta-feira, 5 de março de 2009
SINTO MAR
FECHO OS OLHOS
E VEJO MAR, E SINTO MAR...
SALGADO-DOCE
ASSUSTADORA ATRAÇÃO
QUE NOS AFOGA NUM SORRISO
SENDO PULSANTE VIDA
PROFUNDA TRANSPARÊNCIA
REFLEXO DO CÉU
FRÊMITO
ESCURO-SORRISO
PRINCÍPIO E FIM
CALMARIA E ABISMO
FONTE DO SONHO
NOITE-MANHÃ!
[Maria Petronilho]
DESTINO
Dizem que és traiçoeiro,
À noite tens um quê esquisito.
Acesso ao teu todo é interdito,
Mar, gigante de ares faceiros.
Eu te amo meu belo selvagem.
Sincera é, por ti, a paixão,
Como por Cristo é a devoção,
Nos olhos d’alma tenho tua imagem.
No teu seio barcos são arvoredos,
Abrigas personagens rudes
E vidas que ganham altitudes.
És um poço de segredos.
[...]
Amas os cabelos e meus seios,
Jardim onde depositas flores
De conchas que causam rubores
Com o atrevimento dos meneios
Jogando-me na areia deitada
Olhando a orla misteriosa
A quem me curvo respeitosa.
Ó dia, ó hora abençoada,
Tens um manto de talhe fino
Verde-esmeralda de cetim,
Falando de ti dou tudo de mim,
Amar-te é o meu destino.
[Maria Hilda de J. Alão]
PORTAS PARA O MAR
Alguma coisa onde tu parada
fosses depois das lágrimas uma ilha
e eu chegasse para dizer-te adeus
de repente na curva de uma estrada
[...]
alguma coisa onde tu ao norte
beijasses nos olhos os navios
e eu rasgasse o teu retrato
para vê-lo passar na direção dos rios
alguma coisa onde tu corresses
numa rua com portas para o mar
e eu morresse
para ouvir-te sonhar
[António José Forte]
fosses depois das lágrimas uma ilha
e eu chegasse para dizer-te adeus
de repente na curva de uma estrada
[...]
alguma coisa onde tu ao norte
beijasses nos olhos os navios
e eu rasgasse o teu retrato
para vê-lo passar na direção dos rios
alguma coisa onde tu corresses
numa rua com portas para o mar
e eu morresse
para ouvir-te sonhar
[António José Forte]
RECONHEÇO-ME
Pela ponte de espuma
Chegaste.
Ignoro o além da praia,
O mundo que te gerou;
Se surgiste do seio do dia
Ou do grito da noite.
Reconheço-me apenas
No coral das unhas e da boca,
Nos olhos líquidos,
Na trança de sargaço.
Sei que flutuas em mim,
E teu corpo veste-se
De vozes;
No entanto,
Regressarás ao mundo de areias brancas
E meu murmúrio será sal,
Brilhando em teus cabelos.
[Paulo Bomfim]
Chegaste.
Ignoro o além da praia,
O mundo que te gerou;
Se surgiste do seio do dia
Ou do grito da noite.
Reconheço-me apenas
No coral das unhas e da boca,
Nos olhos líquidos,
Na trança de sargaço.
Sei que flutuas em mim,
E teu corpo veste-se
De vozes;
No entanto,
Regressarás ao mundo de areias brancas
E meu murmúrio será sal,
Brilhando em teus cabelos.
[Paulo Bomfim]
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